sábado, 8 de agosto de 2009

Nascidos em Bordéis



Nascidos em Bordéis é vencedor de melhor documentário de júri popular do Festival de Sundance 2004, o filme retrata a vida de crianças filhas de prostitutas da periferia de um bairro de Calcutá, na Índia do Distrito da Luz Vermelha.
A fotógrafa Zana Briski, queria observar como era a vida dessas mulheres prostitutas, mas com a convivência acabou se envolvendo com as crianças que vivem e nascem naquele local. Crianças que questionam e buscam saber mais sobre as coisas. Constantemente era questionada, verbalmente e através de olhares o porquê dela estar ali. Está numa situação humanamente impossível de não se envolver e acaba colocando em prática sua aptidão como educadora, ensinando as crianças a fotografar, digo enquadrar uma fotografia e avaliar o belo em um lugar e uma situação que tem muito pouco de belo. Fazer ver que o belo é aquilo que vem intimamente dentro do ser, fazer uma foto e se envolver por inteiro, perceber que nem sempre o que é belo aos meus olhos será belo aos olhos dos outros.
Mostra que nossas atitudes como educador, devem ser cada vez mais integradas com o humano por inteiro, levando em conta sua cultura sua integração social, tentar fazer bem feita nossa parte sem nos deixar levar pelos preconceitos, lutar por nossos ideais e objetivos, ultrapassando as barreiras necessárias para chegar o mais próximo possível do que almejamos. Na sociedade que estamos inseridos, nas escolas em que lecionamos temos muitas dificuldades e muitas vezes acabamos nos acomodando com as situações e não indo em busca do que realmente buscamos, fizemos o básico e “cumprimos o currículo”. Mas não basta, por isso o vazio muitas vezes, nem que não se consiga realizar tudo o que buscamos, mas precisamos abrir os caminhos e procurar aqueles que nos apoiarão.
É comovente, se prestarmos atenção o que aqueles olhares transmitiram de sensibilidade, mesmo que a sociedade e a cultura a qual pertençam não permita que elas a revelassem, foi através do novo do diferente que elas conseguiram expressão quem são na verdade. Os depoimentos dados pelas crianças demonstraram sua maturidade e experiência de vida incutida em suas faces de infantis.
O ensinar demonstrado através da fotógrafa Zana, foi simples sem interferências e intromissões, sempre deixando livre a expressão das crianças, entregou-lhes as máquinas e pediu que fotografasse aquilo que achavam interessante. Sempre houve o questionamento sobre o que era o belo nas imagens retratadas, o que significavam, mas nunca deixava transparecer seu ponto de vista. Educar sem rotular eis a questão e a proposta que fica para nós como educadoras de artes, precisamos valorizar, questionar e experimentar a proposta de mudar através de nossas ações aquilo de sugere muitas vezes a estagnação e paralisação.
Ficam como forma de reflexão os questionamentos: Será que podemos fazer alguma coisa pelas crianças com as quais convivemos? Será que há possibilidades de mudança nas suas vidas, acerca da realidade que estamos inseridos? Até que ponto podemos interferir num universo onde não há expectativas, nem esperanças? Qual é o nosso papel como educador?